Al Capone
Todo mundo conhece a história do ladrão liberado da crucificação para dar lugar a Jesus Cristo. Mas pouco se sabe a respeito dessa figura fascinante, cujo nome em aramaico quer dizer "filho do pai" ou "filho do professor" (especula-se que seu pai era um líder judeu). Uma hipótese para sua condenação seria a participação num assassinato durante uma revolta contra o domínio romano em Israel - o que faria dele um revolucionário e não um larápio comum. Nem as escrituras sagradas dizem, nem os estudiosos da Bíblia sabem o que aconteceu com ele depois da sua libertação durante a festa da Páscoa. Mas Barrabás (1962), com Anthony Quinn no papel-título, imagina várias possibilidades no melhor estilo das superproduções hollywoodianas.
Vilão ou herói? A resposta é fácil: o salteador inglês que atazanava a vida do xerife de Nottingham entrou para a história como um bandido do bem, que roubava dos ricos para dar aos pobres. Contemporâneo do rei Ricardo Coração de Leão, que comandou os destinos da Inglaterra no século XIV, Robin liderava um alegre bando de aventureiros que vivia aprontando contra os poderosos. Quando a coisa fervia, escondiam-se na floresta de Sherwood. Ainda hoje os historiadores discutem se ele existiu de verdade ou se é apenas fruto da fértil imaginação dos escritores medievais. Seja como for, a história rendeu dezenas de filmes bacanas, desde animações Disney ao clássico do capa-e-espada As Aventuras de Robin Hood (1938), uma das maiores atuações do grande Errol Flynn.
Imortalizados pelos bonitões Paul Newman e Robert Redford no filme homônimo de 1969 (premiado com quatro Oscars, dois deles para a música genial de Burt Bacharach), eles formaram a mais conhecida dupla de assaltantes do Velho Oeste americano no final do século XIX. Também tinham um quê de Robin Hood e eram adorados pelos necessitados. Depois de muitos assaltos a bancos, fazendas e trens, fugiram para a América do Sul, onde continuaram sua vida de contraventores. Ninguém sabe ao certo como morreram, mas a versão oficial conta que foram surpreendidos pela polícia e fuzilados num vilarejo perdido nos confins da Bolívia, em 1909.
Virgulino Ferreira da Silva, o Rei do Cangaço, foi por muito tempo o inimigo número um da polícia nordestina. Sua carreira de fora-da-lei teve início em 1920, para vingar a morte do pai. Roubando, cobrando tributos de latifundiários e assassinando por encomenda ou vingança, ele viu sua fama correr todo o país. Para completar, foi anunciado como "enviado de Deus" pelo Padre Cícero e creditado como autor da imortal cantiga "Mulher Rendeira". Em 1938, depois de 18 anos no crime, sua vida chegou ao fim numa emboscada na Grota do Angico, interior de Sergipe. Lampião foi morto junto com a igualmente fascinante companheira Maria Bonita e boa parte da sua quadrilha. Sua cabeça, decepada, acabou exposta em praça pública. A clássica cinebiografia O Cangaceiro (1953) inaugurou uma série de filmes brasileiros dedicados ao cangaço - um número pequeno, porém, se comparado à sua presença na literatura de cordel.
Ele era um negro de poucas palavras, que não gostava de brincadeiras e adorava vestir coletes e camisas de seda. O dândi pernambucano João Francisco dos Santos, vulgo Madame Satã, foi um dos mais célebres bandidos que o Rio de Janeiro já conheceu. Homossexual assumido e perito na navalhada, o que mais adorava era surrar policiais. Sedutor, conquistou a amizade de gente famosa, como os cantores Noel Rosa e Francisco Alves, mas se vangloriava de ter matado com uma rasteira um dos maiores gênios do samba, Geraldo Pereira. Apesar disso, o cartunista Jaguar disse dele: "Foi o meu herói e melhor amigo". A história desse transgressor com T maiúsculo, que nasceu em 1900 e passou 27 anos mofando atrás das grades, deu um dos melhores filmes brasileiros dos anos 70, A Rainha Diaba, e voltará a ser contada num longa-metragem com estréia prevista para este ano.
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